siembra de tomates

Nematodes em tomate industrial

Fotografia de Alberto Esteban

Alberto Esteban
Responsável agronómico para o cultivo de tomate industrial na Península Ibérica

Nematodes em tomate industrial: soluções e desafios para manter a viabilidade da cultura.

Portugal é hoje um dos maiores produtores de tomate para indústria da União Europeia, com vastas áreas de cultivo no Vale do Tejo e no Alentejo com mais de 1.2 milhões de toneladas anuais. Esta cultura, desenvolvida ao ar livre em cerca de 120 dias, encontra-se sob pressão devido a ameaças fitossanitárias e limitações legislativas que comprometem o seu futuro.

O aumento da incidência de nemátodes e Fusarium, bem como a redução das substâncias ativas disponíveis para o controlo de pragas, doenças e ervas daninhas, exige o desenvolvimento de novas estratégias integradas baseadas em inovação e tecnologia. Neste contexto, a Bayer elaborou um plano de ação baseado em ferramentas digitais, soluções biológicas e químicas para otimizar a gestão dessa cultura de alto valor.


Ciclo de vida dos nemátodes em tomate industrial

O ciclo de vida do Meloidogyne segue uma sequência bem definida, incluindo uma fase de ovo, quatro fases juvenis e uma fase adulta. A infeção começa quando as larvas de segunda fase (J2), que representam a única fase móvel e infeciosa, penetram nas raízes do tomate, geralmente em áreas próximas do ápice radicular. Uma vez no interior, migram para o cilindro vascular e instalam-se no tecido do periciclo, onde injetam secreções enzimáticas através do seu estilete. Essas substâncias modificam o desenvolvimento celular da planta, induzindo a formação de células enormes e hipertrofiadas, que servem de alimento para o nematoide..

À medida que as células infetadas proliferam de maneira anormal e desorganizada, forma-se uma estrutura característica na raiz: a galha. Este espessamento do tecido radicular, que varia de tamanho de acordo com a densidade da infestação, altera a absorção de água e nutrientes pela planta, provocando sintomas como emurchecimento, clorose e redução do crescimento.


Nas duas a três semanas seguintes, a larva muda várias vezes sem sair do local, passando pelas fases J3 e J4 até atingir a fase adulta. Neste processo, as fêmeas adotam um formato globular ou de pera e começam a produzir ovos, que são depositados numa matriz gelatinosa na superfície da raiz ou dentro das próprias galhas. Cada fêmea adulta de Meloidogyne spp. pode produzir entre 500 e 2000 ovos, que, uma vez libertados na matriz gelatinosa que os protege, iniciam novas infeções no mesmo sistema radicular ou em plantas próximas, perpetuando o ciclo do agente patogénico.

Esse processo não compromete apenas a absorção de água e nutrientes, mas também cria um ambiente propício a infeções secundárias por fungos e bactérias oportunistas, como Fusarium sp. Assim, é essencial implementar estratégias de gestão integradas, incluindo a rotação de culturas, o uso de variedades resistentes, o controlo biológico e estratégias nematicidas, com vista a reduzir a população de Meloidogyne e minimizar seu impacto na produção de tomate industrial.


Imagen del Esquema del ciclo biológico de Meloidogyne sp.

Fatores que afetam o desenvolvimento e a reprodução

A taxa de desenvolvimento e reprodução desses nematoides é influenciada por vários fatores ambientais e agronómicos:


  • Temperatura do solo: A atividade ideal é entre 15 e 30 °C. A temperaturas mais baixas, o metabolismo dos nemátodes fica mais lento, aumentando o seu tempo de sobrevivência no solo em estado de latência.
  • Humidade do solo: O intervalo ideal é entre 40 e 80%. Tanto a humidade excessiva (encharcamento) quanto a secura extrema podem retardar o seu desenvolvimento ou até causar a mortalidade.
  • Tipo de solo: Características como textura, arejamento, tamanho das partículas e capacidade de retenção de humidade influenciam a mobilidade e a atividade do nemátode. Entretanto, não é possível generalizar sobre um tipo de solo ideal para o seu desenvolvimento. O pH do solo não afeta diretamente a reprodução.
  • Plantas hospedeiras: Os exsudatos da raiz podem estimular ou inibir a reprodução de Meloidogyne spp. e atuar como atrativos ou repelentes. Algumas espécies de plantas têm mecanismos de defesa que limitam o seu estabelecimento.
  • Trabalho cultural: A monocultura favorece o aumento das populações de nemátodes, enquanto práticas como a rotação de culturas podem reduzir o impacto ao longo do tempo.

Danos causados por Meloidogyne sp. em tomate industrial

Os nemátodes causam danos mecânicos e fisiológicos aos tecidos vegetais do tomateiro.:


  • Danos mecânicos: Devem-se à penetração do estilete e ao movimento do nemátodes nos tecidos da raiz. Isso provoca a rutura celular e facilita a invasão de agentes patogénicos oportunistas, como fungos e bactérias.
  • Danos fisiológicos: A alteração do tecido radicular reduz drasticamente a absorção de água e nutrientes, o que afeta o desenvolvimento geral da planta.

Geralmente, os sintomas visíveis na parte aérea aparecem tardiamente e manifestam-se como:


  • Amarelecimento das folhas (clorose) devido à deficiência de nutrientes.
  • Emurchecimento, mesmo sob condições de rega adequadas.
  • Redução do crescimento e da produção, com menor desenvolvimento dos frutos e diminuição do rendimento das culturas.

No sistema radicular, as galhas aparecem como consequência da hipertrofia e hiper- plasia celular no tecido vascular, afetando a translocação de água e nutrientes. A sua distribuição no perfil do solo é irregular, mas está diretamente relacionada com a loca- lização das raízes e a profundidade dos trabalhos agrícolas.


O movimento dos nemátodes no solo é muito limitado, deslocando-se apenas alguns centímetros ao longo da vida. No entanto, a sua dispersão a curta e longa distância é facilitada pelos seres humanos através da troca de material vegetal, do uso de solo contaminado e de práticas de cultivo.


proteção eficaz a partir do transplante

Este nematicida é altamente eficaz no controlo de larvas J2 infeciosas de Meloidogyne (figura 1). O produto é aplicado no momento do transplante através do sis- tema de rega por gotejamento, garantindo que o pro- duto alcança diretamente a zona de desenvolvimento radicular do tomate. A sua principal vantagem é o facto de atuar seletivamente, sem afetar a flora e a fauna do solo. Além disso, a sua fórmula permite que a planta desenvolva um sistema radicular mais forte e saudável, aumentando a sua resistência a outros agentes patogé- nicos e melhorando a absorção de nutrientes.


bioproteção inovadora contra ovos

BioAct® Prime é uma solução biológica baseada em esporos vivos do fungo Paecilomyces lilacinus estir- pe 251, com uma poderosa ação ovicida (figura 1) contra nemátodes do género Meloidogyne. O seu mecanismo de ação consiste em colonizar os ovos dos nemátodes, impedindo a sua eclosão e inter- rompendo o seu ciclo de desenvolvimento. Além disso, por ser um fungo vivo, interage com a planta, gerando uma resposta de defesa natural que favore- ce o desenvolvimento do sistema radicular. Também é aplicado através da rega por gotejamento e o seu uso em combinação com o Nematool permite que os tratamentos sejam realizados nos momentos ideais para maximizar a sua eficácia.



tecnologia preditiva para um controlo preciso

O Nematool é uma ferramenta digital avançada que permite monitorizar a temperatura do solo para de- terminar a presença de ovos e larvas de nemátodes com base num algoritmo específico para Meloidogy- ne. Este dispositivo, que pode ser consultado por te- lemóvel ou pela internet, facilita o planeamento da aplicação de nematicidas nos momentos mais efi- cazes por parte do agricultor. Graças a esta pre- cisão, a Bayer é capaz de otimizar recursos e melho- rar o controlo de pragas de forma sustentável.

Gestão do Fusarium e promoção da saúde radicular


O Fusarium é outro grande desafio para as culturas, agravado pela redução dos produtos fitossanitários disponíveis. Para mitigar o seu impacto, a Bayer apresenta Serenade® Aso, um bioproduto formulado com Bacillus subtilis que coloniza o sistema radicular e previne o aparecimento do fungo. A sua aplicação através da rega por gotejamento, juntamente com o Velum® Prime no transplante, melhora a saúde da cultura e otimiza a resistência a doenças.


Além disso, até 2026, a Bayer lançará Serenade® Soil Active, uma nova solução com maior concentração de esporos e menor dosagem, que reforçará a proteção do tomate industrial contra o Fusarium.

Quadro rendimiento velum prime

digitalização e monitorização das culturas

A Bayer também optou pela digitalização das culturas graças à ferramenta digital FieldView, que permite monitorizar a saúde e o consumo de água das culturas através de mapas, além de conhecer o rendimento de cada metro quadrado de um lote de tomate industrial. Este avanço permitirá que os agricultores estabeleçam diferentes estratégias quanto à escolha de variedades, planos de fertilização e escolha de produtos de proteção de culturas, uma vez que ao conhecer o rendimento final de cada metro quadrado do seu lote, poderão relacionar cada decisão não só com a eficácia, mas também com um aumento da colheita e, consequentemente, analisar a rentabilidade de cada decisão. Dessa forma, o FieldView contribui para uma agricultura mais rentável, sustentável e baseada em dados, reduzindo o impacto ambiental e melhorando a resistência das culturas a condições adversas.


un futuro más sostenible y rentable